Muitos sites e gurus online fazem promessas que, mesmo que sedutoras, nos deixam com aquela “pulga atrás da orelha”. Uma delas é a de atingir a fluência em inglês ou em qualquer outro idioma em apenas 6 meses, partindo do absoluto zero. Isso é extremamente improvável. Contudo, não é impossível que você consiga alavancar (e muito) as suas habilidades em uma língua estrangeira no mesmo espaço de tempo. É simples, mas é trabalhoso. É nesse ponto que muitos ficam pelo caminho.
Neste artigo, eu vou explicar como alavancar seu inglês, francês ou espanhol em 7 passos.
1. Criar uma rotina de estudos inteligente
1.1. Horários
A constância e a disciplina são as maiores aliadas de quem quer aprender um idioma. Por isso, é importante não apenas criar um planejamento de estudos, mas também marcar dia e hora para estudar. Por exemplo: às segundas e quartas, de 14:00 às 14:30; às terças e quintas, de 08:00 às 09:00; e às sextas sábados, de 10:00 – 11:00.
Repare que não escolhi o horário da noite, e não foi por acaso. Provavelmente, você vai estar cansado(a) depois de um dia inteiro de trabalho e/ou estudos: pode ser que acabe pulando essa etapa em prol de algum descanso ou momento de lazer.
1.2. Jogo do longo prazo
Se a sua prioridade é atingir a fluência em algum idioma estrangeiro, saiba que você só vai vencer esse jogo se focar no longo prazo. Tudo bem pular um dia de estudos de vez em quando, mas não transforme o “não estudo” em rotina. Quanto mais exposição e mais treino diário, melhor você vai se sair na língua estrangeira que está aprendendo.
1.3. Erro comum
Lembre-se: nossa mente tem uma capacidade diária limitada de absorver palavras novas. Então, de pouco adianta estudar uma vez por semana durante 4 horas seguidas. Você verá muito mais resultado se dividir o estudo em pequenos períodos – se estudar de 20 a 40 minutos por dia, todos os dias, por exemplo. Porém, é bom reforçar: esse período deve ser de absoluto foco. Assim, você vai garantir qualidade para além de quantidade.
2. Alternar as habilidades nos dias de estudo
Em qualquer idioma estrangeiro, saiba que existem quatro competências a serem trabalhadas:
- Competências receptivas: ler e ouvir; e
- Competências ativas: falar e escrever
Tente alternar entre as competências nos seus dias de estudo. Um bom exemplo seria: estudar uma música na segunda (ouvir), ler um artigo de jornal na terça (ler), marcar uma conversa com um colega na quarta (falar) e escrever uma carta de motivação (escrever) na quinta. Na sexta e no sábado, você pode escolher quais habilidades reforçar. Também é importante variar as atividades, para você não se entediar rápido.
É claro que, com uma rotina assim, você também vai estar expandindo seu vocabulário e melhorando sua pronúncia. Todas as habilidades, estão, no fundo, interconectadas.
3. Buscar pessoas que tenham objetivos similares ao seu
3.1. Mindset
Ter por perto algumas pessoas ou um grupo de pessoas que busquem o mesmo objetivo que você é essencial não apenas para acelerar o processo, mas também para mantê-lo(a) dentro de uma mentalidade vencedora. Isso vai fortalecer os hábitos de estudo e prática que você quer criar.
3.2. Parceiros de comunicação
Além disso, ter parceiros de estudo é uma oportunidade de se comunicar com eles no idioma que está você está aprendendo. Essa é uma outra parte essencial do aprendizado. Falar e escrever na língua estrangeira em situações reais de comunicação vai fazer com que você se sinta engajado(a), desafiado(a), e vai ajudá-lo(a) a encontrar uma aplicação imediata para aquilo que está estudando. E mais: vão surgir dúvidas e questionamentos que farão você pesquisar respostas ou então pedir ajuda aos colegas, o que fortalece todo este ciclo de crescimento.
4. Usar dicionários monolíngues e não tradutores
4.2. O defeito “de fábrica” dos tradutores online
Não é novidade para ninguém que o Google tradutor e afins estão cada vez mais completos, mas eles sempre vão perder em dois aspectos. O primeiro deles é que as línguas fazem recortes da realidade que são diferentes uns dos outros. Ou seja, nem sempre existe uma correspondência perfeita entre as palavras e expressões de dois idiomas, por mais que os tradutores passem essa falsa impressão. O segundo é que os tradutores não são capazes de recuperar o contexto original da comunicação (o que abre espaço a sentidos figurados, ironias, etc).
Isso sem falar de outras questões que têm a ver com o uso: ser formal em português não é a mesma coisa que ser formal em inglês ou em francês, por exemplo. Dificilmente um mecanismo automático será capaz de captar essas nuances.
4.1. A grande vantagem dos dicionários
Nada como consultar um dicionário, de preferência monolíngue. Ele, sim, vai nos explicar tim-tim por tim-tim qual é o significado das palavras – muitas vezes, com frases de exemplo. Além disso, dicionários costumam trazer outras informações gramaticais importantes que talvez não encontremos em um simples tradutor. Em outras palavras, nada melhor do que estudar a partir deles.
4.3. Dicionários e fluência
Outra grande vantagem no uso dicionários monolíngues é que acabamos “pulando” aquela etapa em que pensamos em português para depois encontrar as palavras e estruturas equivalentes na língua estrangeira. Se você quer falar sem hesitar e encontrar as palavras rápido na sua mente, foque nos dicionários e verá a diferença em pouquíssimo tempo.
Eu mesma vi essa diferença quando comecei a usar dicionários sistematicamente. Na época, estava começando a ler em inglês e comecei a perceber como os tradutores não estavam dando conta do que eu estava procurando. A partir daí, tive certeza da existência de um mundo de significados que não são traduzíveis desse modo “preto-no-branco” que os tradutores oferecem.
Aliás, uma dica bônus aqui é anotar a definição que você viu com suas próprias palavras. Assim, você realmente faz o seu cérebro processar ativamente aquela informação – e as chances de você se lembrar do significado das palavras aumentarão significativamente.
5. Estudar a gramática de maneira contextualizada
5.1. Livros de gramática
Se você não tem um livro de gramática, é uma boa ideia comprar um. De preferência, algum que seja bem didático e que tenha exercícios. Dessa maneira, você vai poder aprender, tirar suas dúvidas e praticar o uso das estruturas de modo a sistematizar aquele conhecimento.
5.2. Gramática na prática
Contudo, você deve aliar teoria e prática. Ter uma gramática em mãos não é suficiente. O ideal é você realmente compreender em que situações em que aquela estrutura X ou Y é usada e começar a criar frases que se enquadrem naquele uso. Digamos que você aprendeu os verbos nos passado. Por que não contar para alguém o que aconteceu no dia anterior usando esse novo conhecimento?
É essencial se arriscar e tentar usar o que aprendeu quando for escrever ou falar – se você achar que se encaixa, claro. Mas tente. Dessa forma, você estará testando aquelas estruturas e criando oportunidades de verificar se aquilo faz sentido para as outras pessoas com quem você está falando.
6. Gravar a si mesmo falando a língua estrangeira
Quando ouvimos a nós mesmos falando em português ou em uma outra língua estrangeira, normalmente nos surpreendemos. Na maioria das vezes, não temos uma real noção de como a nossa voz soa, ou então de que falamos muito rápido, ou muito devagar, ou que “comemos” uma palavra aqui ou ali.
Se você tiver a oportunidade de se ouvir, tudo isso passa, então, para o nível consciente. Se você se gravar falando uma língua estrangeira, terá então a oportunidade de avaliar como está se saindo e no que pode melhorar. Tente gravar a si mesmo(a) em uma conversa ou então falando sozinho. Mais tarde, quando voltar a essas gravações, ficará inclusive mais fácil perceber o quanto avançou.
7. Anotar e reciclar
Um passo importante para adquirir novo vocabulário é ter um caderno onde você possa reunir suas anotações. Mas não quaisquer anotações: cuidado!
7.1. O problema das listas
Muita gente detesta listas de vocabulário (eu sou uma dessas pessoas!). Mas há um motivo para isso: listas passam a não fazer sentido nenhum depois de alguns dias – como é que você vai lembrar de onde surgiu aquela palavra? Onde você a viu, e em que frase? O pior é que, por vezes, nem anotamos a definição daquela expressão nova.
Outro grande problema das listas é que o amontoado de itens, um debaixo do outro, só aumenta o sentimento de “nunca vou conseguir lembrar disso tudo!”.
7.2. Como organizar suas anotações
O ideal mesmo é escrever de onde você tirou aquela palavra (digamos: do livro X ou do vídeo Y do YouTube) e deixar ali as frases inteiras em que a palavra apareceu. Você pode sublinhá-la e, abaixo, anotar o seu significado – de preferência, na língua estrangeira. Aí, sim, sua lista passa a fazer sentido.
7.3. Como lembrar das palavras novas
E como fazer para não esquecer? Bom, a resposta não tem nada de surpreendente: revise, volte às suas anotações, ao final de cada semana e de cada do mês. Consulte sempre o seu caderno. As chances de aquilo passar para a sua memória de longo prazo aumentarão significativamente!
E esses foram os 7 passos para turbinar o seu inglês, francês ou espanhol em 6 meses.
Qual deles foi o mais surpreendente para você? Qual você vai aplicar hoje mesmo?
Deixe abaixo nos comentários!
1 comentário
Jennifer de Araújo Rosa · 16 de maio, 2021 às 15:37
Uau, que conteúdo maravilhoso! Essa publicação é para salvar e aplicar desde já. Um dos maiores desafios é, sem dúvidas, estabelecer uma rotina… Come essas excelentes dicas, com certeza, o caminho para a fluência se torna muito mais promissor e acessível. Ansiosa pelas próximas publicações. 👏👏👏